terça-feira, 26 de abril de 2011

EU NUNCA GUARDEI REBANHOS


Rebanhos me faz lembrar de carneirinhos em que algumas pessoas cantam numericamente toda vez que a insônia invade a mente. Confesso que já contei carneiros enquanto criança. Pelo sim ou pelo não, pode até funcionar. Mas cuidado, todo rebanho pode conter um cão caçador raivoso.





Mas eu nunca guardei rebanhos. Nunca fui de alimentar carneiros que já pularam a cerca. Aceito os percalços da vida e o pasto diferente em que cada carneirinho vai buscar para se alojar. 




Assim como Alberto Caeiro, eu tenho o costume de andar pelas calçadas, olhando para a direita e para a esquerda, e de vez em quando olhando para trás...E o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha visto...(O Guardador de Rebanhos, Fernando Pessoa).

Creio no mundo como um caminho cruzado de vidas, de pessoas que envolve suas experiências umas às outras e independente da desconexão que for, alojam-se em lugares distintos. Hoje foi um dia de andar pela calçada e lembrar de uma mulher chamada Regina Maldonado. Vi um carneirinha com os mesmos traços e trejeitos de Regina. Às vezes é preciso ver para pensarmos. E fiquei com saudades.




No momento penso que o casamento do príncipe da Inglaterra e de Kate é uma nítida tentativa de contruir uma nova Diana, uma nova/idêntica carneirinha,  além do último grito de sufoco da Coroa Britânica para monetarizar sobre o casamento, além de ressuscitar o casamento como notícia por uma instituição há muito tempo falida e mal quista pelo seu povo e pelos demais. Feliz estão os paparazzi e a indústria de revistas de celebridades.


É uma febre a supervalorização de notícias sem fundamento: como a eliminação do Brasil na Copa ano passado. Meu Deus, é apenas um jogo de futebol, não é? Não é uma guerra mundial em que o Brasil foi derrotado e milhares perderam suas vidas. Tratamos a Lua como se fosse o Sol. A Luz da lua não sabe o que faz. E quem realmente está ao sol e fecha os olhos, começa a não saber o que é o sol.


Mas este post é sobre rebanhos. É sobre contar carneiros. De uma forma diferente, conto carneiros como se fossem pessoas. Conto Paula Cossi, pulando a cerca. E digo: humpf!!, que saudades. Conto Lú Bortoluzi, pulando a cerca, no bom sentido, com seus cabelos lisos sem um fio fora do lugar...rs....Conto Caru Fiorini, com sua alegria de toda hora. Conto Sandrinha de Franca, a sempre boa anfitriã. Hoje não as vejo. O que eu vejo do mundo? Sei lá o que eu vejo do mundo!!! Se eu adoecesse pensaria nisso. E hoje não estou doente.


Bendito seja eu por tudo quanto não vejo. Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.














terça-feira, 19 de abril de 2011

PRESSÃO ALTA NÃO DÁ DOR DE CABEÇA


Já ouviram dizer que o meio artístico é uma arena de egos a gladiar o tempo todo pelo principal holofote? Pois é....eu já. E você também.

Eu tenho uma teoria bem lógica e que não deixa de ser um clichê. Quanto menos a pessoa conhece de sua arte, mais a intimidação se faz presente. Aliás, são duas coisas bem distintas. A ignorância está presente naquele que ocupa o maior cargo. Paradoxo? Nem tanto.



Há o Fodão-merda que é aquele que é ignorante na sua arte, mas que pela posição que ocupa se transveste de olhares e atitudes repletas de intimidação para afugentar àquele que tem o microrrealismo psicológico embutido no olhar, já cantado por Machado de Assis, e consegue enxergar que por detrás de toda aquela armadura há um esquilo a roer uma noz envenenada por si mesmo.




Há também a Falsa-Rapunzel. A menina de cabelos lisos e escorridos, que parece ser bonita, parece ser meiga, parece ser simpática,  mas é como um quadro de Anita Malfatti "A boba", tão comum quanto ordinária.



Há a realmente boba e feia. Que mesmo feia e boba, consegue se fazer mais zonza e ainda carrega na sua armadura de luta contra a sociedade o olhar do menosprezo.



Todas essas personagens, podem ser e são personagens. São fictícios. São reais. Estão em todo ambiente. É habitual. Mas basta uma simplório olhar safado e boom...você os identifica.

Nesta disputa de egos acirrados sobressai aquele que desvia o olhar com um sorriso, inclina a cabeça, não como um sinal de submissão, mas como um gesto de mera desimportância. Pois o que importa está por vir.

E para todo o resto a gente só lamenta...ou você acha mesmo que apesar de todas as mazelas que as circunstâncias nos impõe a escolha ainda seria caminhar pelo deserto??

sexta-feira, 15 de abril de 2011

HOJE

Hoje a ir ao trabalho vi um rapaz sair de um edifício, provavelmente a ir trabalhar também, e ao sair fez o sinal da cruz no rosto e prosseguiu pela calçada.


Hoje eu vi um senhor a relatar câncer de pulmão e me dizer para que eu continue com a mesma paixão na minha profissão por todos os anos próximos.


Hoje eu vi a Isa e seu cachos perfeitos abrindo novamente seu sorriso ao me ver.


Hoje eu vi o desespero de uma filha ao ver a mãe "chocando".


Hoje eu vi vários adolescentes a ir ao cinema provavelmente para assistir "Pânico 4".


Hoje eu vi a funcionária da lanchonete do hospital , com um vasto sorriso, dizer o pedido da minha refeição antes mesmo de eu proferir o meu desejo.


Hoje eu vi meus livros de medicina chegarem ao mesmo tempo e a Dani com toda sua simpatia a sair da UTI para me entregar o livro mais esperado do ano por mim.


Hoje eu vi uma fratura de órbita de um senhora que colidiu a face diretamente no chão.


Hoje eu voltei a pé novamente para casa pelo mesmo caminho de sempre.


Hoje eu passei em frente a academia, disse oi à Roseli, mas não entrei para me exercitar.


Hoje eu fui conhecer o novo espaço Gourmet do Parque Balneário. Vi vários adolescentes e percebi que a adolescência está cada vez mais distante.


Hoje eu saboriei novamente sushis e sashimis.


Hoje eu me diverti muito com a equipe de enfermagem do Hospital. Rimos e desejamos as mesmas coisas.


Hoje eu me irritei profusamente com um rapaz que dissimulou uma comorbidade para adquirir atestado e não ir trabalhar a partir da 00h00. 


Impressionante como um milésimo de segundo faz o seu dia virar 360 graus e você experimentar vários sentimentos contorcidos e distorcidos ao mesmo tempo.


Hoje eu vi, revi.


E hoje termino meu hoje sabendo que amanhã verei mais do mesmo de maneiras diferentes.


Mas eu não conseguiria ver de outra maneira.

E termino este post a perguntar: ALGUÉM ME VÊ???


:(



terça-feira, 5 de abril de 2011

DA FICÇÃO À REALIDADE


Freud disse à Homer Simpson: Vem a ser o que tu és!! 

Freud é analítico e prepotente.


Homer Simpson é canastrão e preguiçoso. Nietzche disse à Freud: Vem a ser o que tu és!!

Nietzche é melancólico e indagativo.

Freud enterrou Nietzche que enterrou Homer. 


Homer é feito de papel e tinta.


Freud é feito de memórias.


Nietzche é feito de dúvidas.


Tanto um quanto o outro são impalpáveis.


A semana se inicia preguiçosa. Um dia após, as dúvidas. Em seguida, as memórias. Somos um tanto Homer, um tanto Freud e um tanto Nietzche. 


Estou catártico. Não consigo escrever. 


Estou cansado. Mas estou a me mover.


Quinta feira é o reinicio da dor de dente, afinal a dor nos dedos já se iniciou hoje. 


Ao menos não tenho dor de cotovelo.


Vem a ser o que tu és? 


No momento, quero ser o silêncio.