segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ISTAMBUL

01 novembro: Estou, neste momento, dentro de uma aeronave indo à Milão. Esta aeronave balança mais que batedeira de bolo. E eu a observar cada detalhe desse avião com intuito de conferir se está tudo em ordem. Claro, que não sou um conhecedor sobre aviões, mas já levantei três vezes para ir ao banheiro...Portanto, podem entender o por quê da tentativa de análise estrutural do avião. Pra mim a pior parte é quando você deixa de ouvir o barulho do "motor??" (rs). Eu apenas levanto a cabeça e fico com os olhos quase a girar em 360 graus freneticamente. 

Istambul...uma experiência curiosa...Éconsiderada a quinta maior cidade do mundo e a cidade muçulmana mais moderna ou mais receptível à modernidade, como queira. E é a segunda maior cidade da Europa, atrás de Londres. Sim, Istambul tem uma parte asiática. Está no meio (Oriente médio), mas a maior parte é européia. O fato é que os turcos querem vender. Querem vender de tudo, afinal estamos diante de uma república capitalista recente.

O Idolatrado Mustafa Atatürk foi o político responsável pela proclamação da República na Turquia em 1923, trata-se, portanto, de uma democracia recente.

Os direitos humanos, aos meus olhos, parecem ser similares aos do Brasil. Estou me referindo à questão de ordem sexual ( homem/mulher). 

Usa-se burca ou lenço cobrindo a cabeça a mulher que quer. Eu disse caso queira. Não é obrigatório, exceto, claro, dentro das Mesquitas. Mas parece ser mais por uma questão de respeito religioso do que de submissão sexual pela exposição da pele.

Mas algo no relacionamento homem/mulher é distinto na Turquia do que, por exemplo, no Brasil ou Londres ou New York ou Paris.

Por exemplo, se uma mulher caminhar em frente a uma construção civil, os homens que estariam a trabalhar olhariam para esta mulher, assobiariam ou até mesmo profeririam palavras de conotação sexual. Usei sim um exemplo macroscópico e barato, mas não sinto que isso aconteceria na Turquia. 

A religião muçulmana seria a responsável pelo homem (seja turco ou seja árabe) abordar a mulher de modo mais distante. Respeitoso, sim. Mas mais do que isso. Uma conexão em que a conquista é o objetivo. E não a vagina. Não é romantismo. É um olhar de descoberta. Descoberta da mulher, do cabelo, do tom de pele, do formato da boca, do jeito de articular os lábios para falar, dos seios e assim por diante até chegar na vagina.
 
E dessa maneira a mulher passa a ser um tesouro. Evidente, que tal tesouro possa ser de bronze. Ser de menor valor. Mas num primeiro momento, há algo de sagrado a sondar a fêmea turca.

O homem, por sua vez, ao ver essa mulher de forma mais labiríntica também ganha atributos de cavaleiro. E assim, passa a ser um homem de grande valor como Homem.

Aqui não há culto ao corpo. Eles notam um corpo mais em forma e expõem essa observação com o olhar. E podem perguntar em seguida: "Where are you from?"
"Brazil"... E aí pausa para o sorriso turco e a interjeição urbana: "Ahh, RIOOO". Seria, talvez, o Rio de Janeiro uma Meca sexual??? Uma cidade de libertação dos desejos sexuais??? Está aí outro ponto do por quê a mulher é tratada de forma menos comercial, de barganha. Mas esse pensamento, talvez, seja ocidental demais. E pode ser uma contradição á teoria acima. Claro, que há o desejo do sexo pelo sexo apenas. Mas na Turquia, há muitas camadas de tecido sobre este desejo do que, por exemplo, no Brasil em que à vontade está nua, crua e deturpada. 

Aqui, alguns turcos homens andam um com o braço sobre o ombro do outro ou com os antebraços entrelaçados. Não andam de mãos dadas. E não são gays por isso. Pode ser estranho para algumas pessoas. Não pra mim, que não me choco tão facilmente. A última vez que me choquei com algo foi ao ver uma mulher de meia idade a parar no meio da calçada no centro de São Paulo à noite, abaixar a calça e calcinha e defecar. Sim, em público e com pessoas próximas. 

Por escrever, em inglês, sim eles "falam inglês". Claro, nos lugares mais turísticos. Mas é um inglês carregado de sotaque pesado.  Muitas vezes incompreensível. E se você não entender ou pedir pra repetirem muitos turcos se irritam. 

As roupas: a do Homem nada de especial. Com exceção de algumas peças culturais, como um chapeuzinho o qual esqueci o nome (rs). Ternos, camisas, camisetas, sapatos ou tênis. Não é Nike e outros similares. Aqui tênis nenhum condiz com a realidade social como é no Brasil. Humm, Nike com amortecedores!!! Uauuuuu... Na verdade, essa afirmação seria restrita ao Brasil em que o tênis é um acessório de desejo para obtenção de um status torto.

Mulher: Não, não há microsaia, tomara-que-caia e decotes voluptuosos. Vestidos, calça jeans, sapatos, tênis, burca ou  lenços cobrindo a cabeça. Capricham na maquiagem dos olhos (sempre em tons escuros) e nas bolsas.

Mulher com burca somente com os olhos expostos a movimentar o olhar enegrecido pela maquiagem: é intrigante. Que mulher se encontra embaixo daquele tecido???

Istambul é o paraíso dos souvenirs. E os mais característicos são os tapetes, couros e artesanatos, como taças, lustres, azulejos, abajures, pratos e outros. É o reino de Iznik. Cidade que vendeu os famosos azulejos que ajudaram a embelezar as Mesquitas da cidade.

Mesquitas há várias. Muitas pequenas espalhadas por toda cidade. No entanto, são as gigantescas que exportam a imagem turística da cidade como, a Mesquita Azul, com seus seis minaretes. Dentro das mesquitas é proibido usar bermuda e as mulheres têm que cobrir a cabeça e as braços e não se pode andar com calçado, apenas descalços ou com meias.  Somente os guardinhas podem usar um chinelo especial. A entrada dos visitantes é diferente dos que vão para rezar. E de tempo em horas com as rezas de maior movimento as mesquitas permanecem fechadas para os turistas. Saiu de dentro da Mesquita?? Há um local para lavagem dos pés chamado de ritual das abluções. Os mais devotos lavam a cabeça e as mãos também.

Basílica de Santa Sofia hoje é museu, porém foi a maior Mesquita da cidade. Tem mais de 1400 anos. Mas como é museu agora: grandes filas, no entanto, com o fluxo rápido. Foi lá que experimentei o suco de Romã espremido na hora. Você pode misturar com laranja. Gente, é suco de Romã, nada de especial. Recomendo quem estiver com afta na boca não tomar o suco, por questões óbvias. Que eu ignorei, claro...

Há o Grande Bazar: labirinto com centenas de lojinhas fundado em 1453. É caro, bem caro mas tem que pechinchar. Eu queria porque queria uma caixinha feita com osso de camelo e pintado à mão. Num primeiro momento achei por 160 liras turcas. Numa outra loja, por 130 liras. Fechamos por 60 liras após eu pechinchar muito. Eles sempre jogam o preço nas alturas. 

Embora o Grande Bazar seja imperdível o mais interessante é fora dele com o Bazar dos livros. Mas aqui não adianta pechinchar.

Palácio TopKapi: contruído pelo Sultão Mehmet segundo para ser sua residência. Aqui sim grandes filas e com algumas entradas muito lentas. Mas, talvez, devido ao feriado no dia anterior justifique o grande número de turistas. As salas das armas e tudo relacionado é excepcional. Interessante para ver as armaduras, escudos, espadas, facas e espingardas. 

A sala dos relógios: Apenas com um relógio de mesa otomano daria pra eu comprar uma ótima cobertura...  E não pode tirar fotos nestas salas. Eu tirei duas até descobrir que era proibido. Sei lá, não compreendo muito essa proibição. É para valorizar as relíquias?? Quer vê-las vá até Istambul?? Não tire fotos para não divulgá-las pois algum país pode exigir a peça de volta?? Afinal, a maior parte deste acervo é formada de relógios europeus comprados ou recebido de presente pelos sultões. Não sei, ainda mais hoje em que se sabe tudo o que se está exposto nos museus...Bom, é apenas uma contestação: queremos tirar fotos de tudoooo!!!

Há ainda a Sala das cerâmicas, cristais e prataria. Há o Harém, em que era a residência das mulheres que ficavam sob guarda de escravos. Somente o sultão e seus filhos tinham acesso ao harém. Aqui a atração é pago à parte. 

A comida: bom, no café da manhã há ovo mexido, salsicha picada, pepino, tomate, mel, geléias, pães de diversos tipos, suco laranja, água quente, café forte e frutas da época. Nos restaurantes, nada de especial. Basicamente, pratos muito apimentados e muitos deles com muita gordura. Não arrisquei tanto. Os doces, sinceramente não gostei. A maioria leva junto em sua constituição pistache, sementes de girassol e abóbora, amêndoas, ameixa e similares de outras frutas secas, como damasco. Os chás são gostosos, há o de maça e o de tília. Já o ayran (iogurte, água e sal) tido como bebida refrescante é péssimo (ecat). 

A cidade é de muito fácil locomoção. O serviço público de transporte de metrô e trens são eficientes. Não é uma cidade perigosa, ao menos nos centros turísticos.

Bom, há muito mais. Tá parecendo um guia isso. Agora Milão e Veneza e o já encontro com o mal humor e péssimo atendimento dos italianos. A começar com a aeromoça. 

Deve ter uma razão bem óbvia pra isso...Bom, como sempre tento não me direcionar pra esse pensamento mas acabo nele. Mal humor é formado por um tripé, que vem à tona quando se desequilibra. As vertentes deste tripé são: sexo, dinheiro e prisão.

Viver preso num conto de fadas chamado Veneza vendendo biscoitos venezianos pode inundar qualquer bom humor.

Ciao...