domingo, 26 de junho de 2011

HAIR

Este post é sobre cabelos...Sim, sobre cabelos. Uma (in)utilidade pública. "Você gosta do seu cabelo??" Foi esta a pergunta que uma amiga fez a outra enquanto caminhavam pelo Shopping Center. A outra respondeu: NÃO!!!!, assim mesmo, bem categórica.


Estive a pensar em algo que nunca parei tanto tempo. Pensar sobre o meu cabelo. 


Quando pequeno meu cabelo era do tipo indígena. Liso, liso e liso e com franjinha. Era como se tivessem colocado uma cuica sob minha cabeça e cortado o meu cabelo. 




Entrei na adolescência e passei grande parte dela de boné. Era um festival de bonés. E por quê? Oras, para esconder aquilo que me incomodava. E o meu cabelo me incomodava. E os bonés chegavam até a desbotar pelo uso em excesso. Mas faziam parte de mim. Virou uma espécie de orgão. Um orgão externo. Feito uma gônada. Feito um testículo.




Depois adentrei na fase-gel. Era um cabelo liso com muito gel, afinal até hoje não sei economizar nos produtos. Não que eu use gel hoje em dia. Há muito tempo não o uso mais. Eu abomino gel. Eu tenho pavor de gel. Pois foi com este que andei pelas ruas e salas de aula como se um cão tivesse lambido minha cabeça. Era um cabelo lambido. Um cabelo duro de tanto gel. E gel quando seca e você passa a mão no cabelo passa a ter aspecto de caspa. Gel de péssima qualidade claro, mas era o que eu tinha na época.


Além disso havia a má alimentação o que contribuia para a má qualidade do cabelo. Falta de zinco, talvez?? Aliás, aqui também é um post para salão de cabelereiros. Você sabia que grão de bico é um dos alimentos que mais contém zinco. E zinco é para quem quer deixar os fios de cabelo fortes. Sim, uma viadagem só...






As condições foram a melhorar. E surgiram os sprays. Mas com um detalhe. Um spray oleoso num cabelo muito oleoso. Imaginem a cena: cabelos lisos, bem cortados, mas com aspecto bem oleoso. Eu certamente não tinha um amigo nessa época para me dar um toque, não é??




E um dia um duende apareceu e me presenteou com um pote muito bonito: era um pomada. E pomada boa é pomada cara. E são muitas. Uma revolução cosmética. E pomadas para cabelo masculino. Como se cabelo masculino fosse de um jeito e feminino de outro. Ora, são cabelos. São pêlos. 

Um bom corte de cabelo, uma boa pomada. Comedimento para passar a talzinha no cabelo. E pronto. Tornei o quase impossível em possível.


E desde então não há mais cabelo oleoso, gel, cabelo lambido e bonés. 


E a pergunta que eu ouvi na conversa das duas amigas eu faço a mim mesmo. E a resposta eu prefiro dizer de uma maneira diferente. Assim como na música: Eu quero ser livre tanto quanto o meu cabelo, não importa o quanto esquisito eu possa ser...

E o melhor jeito é se auto-sarrear independente do cabelo que tiver. E assim, o sucesso está quase garantido. Quase...afinal, is just a hair.









quarta-feira, 22 de junho de 2011

1102 a 2011


Fui assistir ao novo filme do Woody Allen "Meia noite em Paris". Não é um filme habitual de Woody. Cheira o estranho. Diferente. Não chega a ser inovador. Mas mostra que Woody experimentou o "novo"para ele. Ao assistir um filme do diretor você já espera alguns cacoetes e, de repente, neste novo filme oops.... há algo estranho. Num primeiro momento fiquei incomodado, mas durante o filme entendi a proposta do diretor.  E sosseguei. E gostei. Entendi. Viajei. E fui embora. Nada de extraordinário, mas um filme que se destaca frente aos roteiros de "Pânico 4", "X men" e afins. E ainda de brinde há Paris. Mas há quem prefira Paris Hilton.


Há várias críticas embutidas no filme, por exemplo: "os jovens dessa geração são desinteressados e sem conteúdo"- disse o personagem.

Mas a linhagem do filme é a de que nós achamos que as gerações posteriores são mais interessantes, mais engajadas, mais cultas e mais...mais...mais... e a geração passada acha a sua geração passada mais interessante, mais engajada, mais culta e assim por diante. Um ciclo de pormenorização não analisada.




Não acho que a geração mais antiga tenha sido mais interessante que a atual.  É apenas diferente. Funcionava com os recursos que tinham. E ponto. Elis Regina também cantou:

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais


Mas ao ouvir a letra toda da música percebe-se uma ambiguidade:



Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...




Já disse que gosto muito de idosos?. São a minha mais nova forma de dose diária de alegria. São educados. São dóceis. São mais experientes. E são modernos. Conheci uma senhora de 57 anos com um piercing no lábio. Outra havia feito cirurgia bariátrica e apareceu com barriguinha de fora. Outra tinha gastrostomia e traqueostomia. Tem 83 anos. Elegante, simpática e muito viva, mesmo não conseguindo emitir um som qualquer. Não serei geriatra. Mas começo a ver a velhice de uma forma diferente. É inevitável. É necessário. Mas é ainda assustador.




Ser jovem num país de idosos, afinal a população está a envelhecer, não é? É sim...Mas hoje me sinto unitário, um tanto melancólico. Algo bem esporádico na minha rotina na verdade. Mas amanhã é outro dia e serei contemplado com novos sorrisos de idosos concisos e com as marcas no rosto que eu custo (por ora) a aceitar.