quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MONTANHA RUSSA





Quando a invenção social passa a ser exclusivamente deletéria? 

Estava eu a retornar para casa após uma corrida e observei duas garotas a sair de um carro em frente um restaurante japonês. E o assunto entre elas era sobre uma terceira menina. E criticavam esta pessoa. Destoavam sobre ela com muita hostilidade. Evidente que não sei qual a origem de tantas críticas em tão pouco tempo. Mas isso não importa. Não discuto isso. Não discuto a expressão. Apoio o livre arbítrio. Mas levanto bandeira também para a justiça, afinal não há como controlar as maledicências.


Quando intervir após um mau agouro social?


Muitas vezes a crítica falada é moldada com fantasia, ou seja, criam-se fatos que não houveram; propagam-se frases que não foram proferidas e, no entanto, geram-se consequências desastrosas. É um autoaprisionamento imbutido por outrem.


Quando intervir? Por que desfazer um nó sustentado pela reflexão de alguém? Por que tanta precariedade?


Acredito que a melhor forma de agir é pensar que todos nós vivemos num parque de diversões. Uma postura infantilizada é concisa e coerente com este parque social. Porém a conduta transgressora e indefectível é ver, ouvir e guardar para dentro de si algo que ninguém pode arrombar: "Eu sei que você mente. Eu sei que isso não condiz".


E deste modo enfeitamos este espetáculo com uma luta sem luta.





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

BOTH SIDES NOW




Já disse que gosto da Quarta-feira??? Talvez por que é o dia em que tenho tempo para ver alguns vídeos no youtube, algum programa na televisão e tentar colocar em ordem o apartamento. 


O vídeo em questão é sobre Joni Mitchell, a qual ouvi pela primeira vez em 2000.


...




Há um tempo atrás eu atendi uma senhora por volta dos seus 80 anos, a qual estava a acompanhar a filha (uns 40 anos de idade). A filha estava com um quadro gripal. Já havia ido ao médico e retornava naquele dia. Pelo motivo da prostração não estava disposta a trabalhar e não foi. Disse que em anos de profissão nunca precisou faltar, no entanto, atualmente pela situação relatou que houve da chefia resistência e desconfiança. Ela realmente estava debilitada, não obstante estar medicada retornou pois, talvez, faltaram orientações sobre infecções virais. A mãe estava elegantemente em zelo. Restava-se a filha o repouso e o alívio dos sintomas com algumas medicações. Mediquei-a. E ambas sairam. A filha e a mãe.




Dois minutos depois a mãe retorna. Perguntou-me se eu poderia dar um atestado a filha. Eu respondi: Por quê? (em tom irônico). Ela respondeu em tom doce, voz trêmula e devagar: "Ai doutor, a gente precisa tanto de vocês. Minha filha não está bem...Eles (no trabalho) foram muito duros com ela. Ai doutor..."


Eu fiz o atestado, entreguei-o e disse: "Aqui senhora". Ela: "Ahh doutor, muito obrigada, continue assim a gente precisa muito de vocês. A vida é muito difícil".


E a senhorinha vira e no seu ritmo de passos bem lentos e mancando de uma perna deixa o consultório, olha em direção a filha e eu permaneci a olhar até ela desaparecer de meu campo visual.


Preciso dizer mais???















quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O FIM É APENAS O COMEÇO ?


Hoje soube do falecimento de um conhecido. Não éramos amigos, apenas conhecidos. Tínhamos amigos em comum. Chegamos até, uma vez, estar na mesma turma de amigos em uma festa. No mais, nos encontrávamos na academia esporadicamente.


Pelo que soube a morte se deu por um choque anafilático após a administração de um medicamento. Não sei se preciso conhecer os detalhes dessa história. Isto pouco importa.


Ao longo dos segundos estou a pensar sobre a morte. É MUITO clichê, mas é inevitável. Deveríamos aproveitar mais a vida? Deveríamos entrar em contato com amigos distantes? Deveríamos reencontrar mais as pessoas? Deveríamos comer mais chocolate? Deveríamos lamentar menos sobre as cousas? Deveríamos sorrir mais? Deveríamos nos irritar menos?


Ao mesmo tempo ouço a palavra OTIMISMO. Por que não comer chocolate pois não queremos engordar? Por que não aceitar que amigos partem e outros chegam? Por que não aceitar que amizades podem ter um fim? Por que não criticar a vida? Por que não expressar irritabilidade? 

Talvez o pseudo sábio diria: "Pode-se tudo com comedimento"



Mas essa afirmação me incomoda. 




O fato é que poucos aceitam a morte. Quanto mais próximos melhor a aceitamos? Enquanto mais jovens não nos importamos com ela? Por que pensar na morte se estamos vivos? Pensamos no almoço de amanhã, na viagem do fim de semana mas por que não pensar na morte?


Penso eu que deveríamos refletir sobre a morte desde que o pensamento se converta em mais vida, no sentido de sentir-se mais vivo.


Estou um tanto abalado ainda com a tal notícia. MAS já é uma largada pensar sobre a morte. Nada concluí.


Lembra da estante imaginária com pessoas em miniatura? Hoje metade da minha estante está em luto. 

A outra metade luta.