segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O VIGOROSO BIGODE

"Enquanto acreditamos na moral, condenamos a existência", eis a frase de Nietzsche sobre niilismo do livro "A vontade de poder".


Semanas atrás "troquei" um email com Contardo Calligaris sobre "coerência é um valor moral?". Nele discutiamos sobre Marenilde Brito Affonso, mãe de Eduardo Affonso Júnior, a qual rompeu o lacre de um lote de provas do Enem para deficientes visuais e teve acesso ao título de um texto motivador da redação, duas horas antes do permitido. O filho almejava uma vaga em medicina. Com ajuda do marido, contactaram o filho e pimba, Eduardo tinha o tema da redação "Trabalho e Escravidão" e substratos para transcorrer sobre o tema da prova do Enem.


Teria sido a mãe incoerente com a moral? Ou será que ela foi coerente, no sentido maternal, para ajudar o filho ter uma boa nota na redação e conseguir ajuda na vaga difícil e concorrida para medicina? Teria a mãe tido um dilema e foi corajosa ao noticiar o filho, mesmo sabendo que sua conduta era errada? A concessão feita ao filho foi um gesto aético, criminoso? Ela deve ser condenada por isso? Ou o Ministério da Educação (e as dificuldades em ingressar nos cursos de faculdade, como o de medicina) deve ser responsabilizado e é nele que mora a incoerência?



Dizer que a ação da mãe foi algo errado, feio, irresponsável seria o mais viável, o mais coerente, o mais aceito?. Incriminá-la seria o mais fidedigno, o mais fundamentado nas morais éticas, não seria? Ou a coragem dela, devido ao dilema criado, que somente as razões impalpáveis das mães conhecem, deveria ser levado em conta e, portanto, ela deveria ser absolvida?

Quando é que o dilema vence a barreira da covardia e passa a ser mais valorizado (mais coerente, talvez) do que ter e seguir aos próprios princípios sociais decadentes? Afinal, quem rege a moral?

Afinal, QUEM REGE A MORAL???


Sobre o assunto, Contardo diz que colocar DILEMAS é a ÚNICA forma de pensar moralmente.


Já Nietzsche diz que a moral foi o grande antídoto contra o niilismo (a crença na ausência do valor, do pensar) prático e teorético. E diz mais, pensa que a hipótese moral cristã emprestou ao homem um valor absoluto, devido sua pequenez. O niilismo, ou seja a ausência, segundo ele, seria um estado intermediário patológico de não haver mais nenhum sentido absolutamente, seja pelo fato de que as formas produtivas ainda não estejam fortes o bastante, seja porque a decadência ainda vacila e ainda não inventou os seus remédios. MAS Nietzche entra em contraponto ao falar sobre o niilismo ativo (como sinal de poder) e niilismo como estado normal, como sinal de fortaleza. Mas mescla tudo isso ao sabor teológico cristão e budista, em que neste moraria o niilismo passivo, como exemplo.


Certo é que a moral é pautada sobre dilemas. E ao pensar criamos nossa própria moral. Não pensar seria o niilismo. Por exemplo, como a ioga. Seria uma ausência passiva. Jogo de xadrez seria uma espécie de niilismo ativo. Não aceitar imposições, por exemplo, de dogmas religiosos seria o primeiro passo para se criar dilemas. Martinho Lutero fez isso. E fomentou sua Reforma Protestante.


Digo tudo isso para simplesmente querer afirmar que NÃO devemos aceitar as laranjas mecânicas dos outros. Não devemos deglutir o niilismo passivo da sociedade. NADA é absoluto. Devemos criar dilemas o tempo todo, questionar. Colar nossas regras no tabuleiro de xadrez.


Uma pessoa muito querida me enviou uma mensagem a dizer que está a questionar algumas condutas de amizades antigas. Querida amiga, não conversamos ainda. No entanto, posso lhe dizer a mesma frase do início dessa postagem. "Quando acreditamos na moral, condenamos a existência". A moral, no seu caso, seria tentar sempre encontrar uma maneira para não ferir o outro. Popularmente, "colocar panos frios" sobre algo bem quente, ou seja, sobre um dilema criado. Mas posso lhe garantir, que ao fazer isso você nega sua existência. Você nega sua moral. Você se anula. E quem sai niilista desta situação é o seu ego. A toda hora nós estamos em alteração. Física, espiritual e inclusive, moral. Amizades uma vez cá, uma vez lá. Encontros e desencontros. Se aceitamos guela abaixo as morais dos outros, desfarelamos nosso existir. 


E aquilo que pouca gente faz, ainda mais num país como o nosso, em que tudo se dá um jeitinho É: tenta-se agradar a todos. Tenta-se não dizer NÃO. Não se emite opinião por medo. Medo da rejeição. Medo do comprometimento. Medo de perder. Mas perde o que? Perder pessoas que querem nos dominar? Nos diminuir? Perder o que já se desgastou? MAS quem escolhe em não finalizar os seus dilemas, se torna refém de si mesmo. És o responsável pela tua desgraça.


Quando pregamos nossa moral a nós mesmos, chegamos na ética. Para isso precisamos criar dilemas. Parabéns minha amiga por isso. Um dilema foi instaurado. Resta saber o que fazer com ele. E cuidado para não tornar sua vida um motorama. Ou seja, retornar sempre a linha de partida.

Sem mais, sinta-se uma fortaleza.


Em tempo: Fui ver "O turista" com Angelina Jolie. O filme foi rodado em Veneza e Paris. Como pode uma cidade se tornar menos atraente quando Angelina se faz presente?

A única boa frase do péssimo roteiro do filme é: "Você irá sentir que a vida não é tão boa para mulheres feias"...Na cena, uma faca afiadíssima estava voltada em direção ao rosto da atriz. 

O filme é ruim. Vale o ingresso pela beleza (paris)tética da atriz. Se você for invejosa, NÃO VÁ.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O CAPITALISMO MEDICINAL

Hoje de manhã, um mulher com 30 e poucos anos, acompanhada do marido adentrou ao consultório a relatar cólica abdominal e náuseas. De repente, ela transcorreu um monólogo a afirmar que no passado teve furúnculo (sic) no olho (sic sic sic sic sic sic sic sic sic), no nariz (sic sic sic sic sic sic) e atrás da orelha (sic né). No entanto, atualmente, ela estava com um novo furúnculo: "Ali doutor, ali embaixo" - e apontou com o dedo indicador em direção à genitália. "Na vagina?" eu perguntei. "Não doutor, perto da parte anal"- disse a jovem mulher. Após algumas perguntas, chamei uma enfermeira para esta presenciar o exame físico. Em seguida, fechei a porta e ao colocar as luvas de procedimento a paciente me interrompeu: EU NÃO QUERO SER EXAMINADA, em tom profético.

Eu tentei convertê-la: "Mas eu precisaria te examinar, ver o tal furúnculo e saber se há necessidade de medicação ou mesmo procedimento". Ela insistiu: EU NÃO QUERO SER EXAMINADA, agora em tom agressivo. E continuou: EU JÁ SEI DO QUE SE TRATA, É FURÚNCULO, EU TENHO CERTEZA.


Match point. No mesmo instante, a frase proferida por mim foi: "Se você sabe o que é, então trate você".
Conclusão: Ela saiu da sala com o marido, o qual continuava em silêncio e disse que eu era muito estúpido...

Talvez eu tenha sido estúpido. Estupidez a minha não ter me calado. Mas até que ponto devemos "engolir sapos?". Por que médicos, enfermeiros e atendentes de hospitais devem sempre engolir sapos?? Devemos sempre chorar a seco?? Deixamos de ter sentimentos no momento em que vamos trabalhar ou no momento em que nos tornamos profissionais da saúde?? Que negação de saúde é essa??

A exigência social é soberba. Não somos andróides. Somos efêmeros debutantes de um pouco de conhecimento a mais. Não obstante reconhecermos que a relação médico-paciente deve ser sempre priorizada em direção à luz, ás vezes, a treva se sobressai e inundamos ou soterramos feito as enchentes no Rio de Janeiro. E nesse vendaval astronômico, ninguém quer o óbito, mesmo que simbólico.

No momento estou em São Bernardo, a olhar da varanda da sala várias luzes acesas das dezenas de edifícios presentes no meu campo visual e a pensar sobre o ocorrido no dia de hoje.


A lição que sedimento é a de que cabe a nós entender que quem necessita de assistência não somos nós. Não nesse caso. Afinal, são eles quem nos procuram. Claro, que um dia o papel se inverte e nós necessitaremos mais do que uma simples ajuda. Medicina não é comércio, mas vale a teoria da mais valia, ou seja, medicina é paradoxo obsoleto.

Enquanto permearmos nosso pensamento no sentido de que a relação doutor-paciente é divina e que mesmo eles agressivos, devemos ser toleráveis e engolirmos sapos, girinos e outros bichos, deixaremos os percalços diários dos atendimentos. Mas isso é a euforia de uma ilusão medicinal. NÃO DEVEMOS DEIXAR O EGO NOS ENVENENAR. Eis aqui o nosso erro. O erro é o ego. O que fere falsamente é o ego. Deve-se colocar o jaleco e retirar o ego. Sendo assim, qualquer flecha lançada nesse safari não fará sangrar nosso também frágil sistema circulatório. E algumas flechas contém curare. Cuidado.


E quando nada mais tiver jeito. Quando a estafa se faz presente e sua paciência foi passear no mundo de Pandora. Basta uma coisa apenas: espere o paciente sair da sala, feche e tranque a porta e GRITE, o mais alto possível. E se alguém ouvir? NÃO IMPORTA. Médico pode ser louco (de médico e louco, lembra?), o que não pode é médico responder a altura. Grite colega, grite.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A ARTE NEGADA NA CONFEITARIA

Estou sem tempo para escrever. Estou com dor nos dedos de tanto escrever. Estou a tomar um café numa das esquinas mais movimentadas da cidade. O texto será curto. O outro texto será longo. Talvez, não tanto quente quanto esse. Divertido pois acabo de derrubar todo o café na minha roupa. Quente. É verão. A confeitaria está lotada. Pessoas conhecidas até. Derrubo junto a ele minha vergonha. Levanto e sigo. Quem nunca teve o ego esparramado no chão? Ou na roupa, no caso?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A MELHOR MANEIRA DE APRENDER É ADOECER


Já era 00h05 e devido ao trabalho no dia 31 dezembro, estava eu atrasado em direção a linda cobertura de um prédio de um amigo para presenciar os fogos de ano novo. Pelo sic e pelo viés assisti aos fogos na avenida da praia andando like Johnnie Walker, com um guarda chuva sobre minha cabeça. Algumas mensagens no celular: Aonde você está? ; Feliz ano novo na rua!! ; Ande logo!! ;  Você vai sair hoje? .


E a visão míope que eu tinha era de centenas de pessoas de branco, o que me remeteu a uma espécie diferente de máquina (de cópias) de Laranja Mecânica. Até que ponto nós , seres orgânicos, agimos mecanicamente?

Eu estava com uma camiseta em tom bege claro com o vocalista do T. rex (Marc Bolan) estampado na frente. Completamente off-white. Sim, branco para simbolizar a paz, eu sei. Mas, ás vezes, é preciso moer a mente para compreender o significado de paz. Ano novo é o clímax do refúgio da sanidade. Em que branco e paz se materializam numa roupa. É preciso adoecer para compreender. E, talvez, nunca compreendemos.


E eu chego ao edifício.  "Ufa", disse. A esperar para subir? NÃO..... os fogos já terminaram, todos já desciam do prédio pra pular  7 ondas e referenciar aos deuses. Exceto eu. Não alimento crendices. Mas não julgo quem as têm.

Eis que presenciei a cena que simboliza datas como Natal e Ano Novo. Um rapaz, veementemente bêbado, entra numa cabine de telefone público, disca e grita com a voz amolecida e melancólica: EU TE AMO MÃEEEEEEEE. Em seguida desliga, e sai pela avenida cambaleando. O cordão umbilical pode ser tenso, mas é eterno.


....fim da festa de ano novo...

Sábado e Domingo a trabalhar, a atender dezenas de pessoas a vomitar, diarreicas e cólica abdominal. Advinha o que meu corpo resolveu incubar em plena segunda feira de folga? : Sim, diarréia, cólica e vômitos. Foram dois dias de cama e muito mal estar. Mas isso pouco importa.


O que importa é que na ausência de familiares, os amigos se tornam uma família. E aqui meu agradecimento por escrito a Dra. Marianne e Renato, que vieram até casa, trouxeram medicação, ficaram horas me fazendo companhia (eu de cama, evidente) e me alimentaram. Obrigado pela companhia.


E para quem adoecer com os mesmos sintomas que eu, lembre-se: avaliação médica e muita hidratação. Uma velha dica e eficaz é o soro caseiro: um litro de água filtrada com duas colheres de sopa com açúcar e uma colher (de café) com sal. Muito repouso e as medicações prescritas, caso necessário. E para se alimentar: chá, banana, sopa com carne magra, bolacha água e sal. Evitar laticínios e derivados. Mas o  imprescindível é hidratar. E esperar. E esperar. E esperar. E a barriga dói. (Rs)

...


Minha busca pelo bronzeamento natural e comedido ainda é lenda. Chove muito no litoral. E muito e muito. Mas a cidade ainda está cheia de turistas e movimentada. Não na praia obviamente, mas nos shoppings, restaurantes, bares e padarias. Aliás, um nova padaria na rua Azevedo Sodré, a nova Requinte da Azevedo é a mais nova sensação do bairro (http://www.requintedaazevedo.com.br/). Confortável, clean, numa localização privilegiada e atendimento preciso feito direção de Sofia Copolla em Maria Antonieta. E a escada que dá acesso ao segundo andar é de dar inveja aos irmãos Campana.


...


Uma dica de livro para esses dias chuvosos: chama-se "Ó" de Nuno Ramos, além de escritor ele é artista plástico, e sua exposição na última Bienal causou um aforoço entre ambientalistas. A polêmica se deu em torno dos urubus, lembram-se? Nuno ganhou com este livro o prêmio Portugal Telecom de literatura de 2009. Literatura concisa, prática e para quem sentir falta de urubus, há galinhas no livro.



A mudar de assunto... Entro no site uol e me deparo com a imagem da família de Michael Jackson indo ao tribunal de Los Angeles para audiência preliminar do julgamento por homicídio contra o médico do cantor, Conrad Murray. Evidente que se o médico for culpado ele deve ser punido. Mas em relação ao cantor, tudo se cria como show bizz. Bastou ele falecer para ser sepultado as acusações de pedofilia e a vida pessoal tortuosa. Virou uma espécie de Deus. Padece o homem, fermenta-se o mito. Mas há muito gás vazando neste conto.


A meu ver, todos ligados a ele deveriam ir a julgamento. Durante anos, Michael Jackson foi impedido de viver sua sexualidade e esta sim foi sepultada enquanto o cantor era vivo, para que ele permacesse no foco apenas de sua carreira e muitos ganhassem dinheiro através de seu talento.  O capitalismo fonográfico transformou Michael num distinto cantor e compositor ao mesmo tempo que o adoeceu. Michael era sim pedófilo e com transtorno(S) de personalidade(S). Vivia num mundo paralelo, num mundo de Peter Pan. E enquanto bilionário, o pai dele que antes o agredia verbalmente e fisicamente, padeceu sob Pilates, e perdeu controle sobre o filho famoso.


Eis que Michael ganhou asas para poder voar com a Sininho. Vieram a transformação no rosto, a ecdise da pele e uma criança abandonada no corpo de um adulto. Era pedófilo, mas uma pedofilia ás avessas. O corpo cresceu, os músculos e esqueleto se desenvolveram, mas a mente era infantil. E esta evoluia retrogradamente. Quem também deveria ir ao julgamento preliminar deveriam ser os magos da indústria fonográfica e sua frágil e estranha família.  Precisamos parar de louvar aos mortos que enquanto vivos adoeceram pessoas.


O veredicto deste julgamento futuro muito me interessa. Socorrer uma pessoa enquanto viva. Por que a família não se empenhou nisso quando ainda ele era vivo? Somente agora, todos os familiares lutam para dar nome a um culpado. Somente agora, depois que o corpo (que já era um morto vivo) está a deteriorar. Estranho mundo de Jack.


...


Em tempo...a foto de Dani no dia 25 de dezembro, pós diversão na noite de Natal. É Dani, não é Suzuki, mas poderia ser. É bela tanto quanto.


Eis aqui também a foto postada no facebook de meu amigo quase psiquiatra Pedro e o que se segue embaixo da foto é: "Everybody wants to be found". Sim amigo Shiozawa, todos queremos apenas ser encontrados. E que o labirinto seja por demais tortuoso e nós torne melhores aprendizes. Eis a imagem abaixo.




Por fim...


Tenho ido, ás vezes, de ônibus para o trabalho. E a cada vez a ironia social se impõe como um martelo a tentar fincar um prego numa parede de palafita. Quanto mais detemos de informação mais nos distanciamos do significado altruísta. O mundo lá fora, companheiro, é injusto e desleal. E esse comentário é total clichê. Tenho visto aglomerações suburbanas insalúbres e hostis. Tenho visto crianças na lama. Homens com enxada no ombro indo ao trabalho. Tenho presenciado que num sábado à tarde a diversão de toda uma família é ligar o som alto em frente a minúscula residência e dançar e soltar pipa junto as crianças. Tenho tido ojeriza toda vez que passo em frente essa comunidade com meu aparelho de ipod e com meu celular com tela sensível ao toque. Tenho estado ferido com a realidade da saúde. E o que me desfarela é agora entender que o que importa Á ELES não são ÁQUELES que necessitam de assistência.


Hoje no ônibus, uma senhora simpaticíssima foi muito gentil em me informar em que ponto eu teria que descer pra chegar ao meu destino. Foi genuinamente educada. Ela deveria ter uns 47 anos, era loira, de cabelo preso e com centenas de fios brancos a tentar sobressair sobre os fios loiros. Vestia uma camiseta larga toda estampada em xadrez em que se predominava o vermelho. Usava um short jeans envelhecido e um chinelo comum. E ela gargalhava com a colega ao lado. Era um sorriso profusamente doce. Me pareceu ser tão feliz. Me pareceu ser tão comum. Me pareceu, intrinsicamente, entender o significado em PERTENCER àquele meio. Enquanto nós lutamos sem entender e covardemente no meio luxuoso em que vivemos. Nasce assim o meu raciocínio de que quanto mais nos informamos e deixamos a idade das trevas para adentrar no iluminismo da era 3D, menos seres humanos deixamos de ser. E nos tornamos mais susceptíveis as corrupções da ganância e do egoísmo. E uma vez iluminado, não há mais retorno.

Chega o meu ponto para eu descer do ônibus. Ela continua em sua jornada. Ela continua na sua simplicidade. Ela continua com sua ignorância. E eu prossigo a pé com um incômodo. Uma dor que eu identifico. Uma dor de inveja.

sábado, 1 de janeiro de 2011

NUM MUNDO PARALELO O FIM É APENAS O COMEÇO

Dia 31 de dezembro de 2010: Ouço da janela da sala algumas pessoas a se divertir, a fanfarrar, a ouvir funk (pois é) e muitas risadas. É quase dia de ano novo, é festa e Santos está dominado por turistas e pessoas bronzeadas. Meu único dia possível em ir à praia foi ontem e.....NÃO apareceu o Sol. Tentei me apegar a conceitos médicos, como o fato de que estou a previnir um envelhecimento precoce, mas este pensamento, ás vezes, racional demais, não me tranquiliza.

Penso que o Sol não seja algo de um todo mal. E não é. Todos sabem que ele é necessário para promoção de vitamina D pelo corpo, pelo ciclo circadiano (período de um dia sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano) ou para àquele que já trocou o dia pela noite (como por exemplo, os taxistas, profissionais de sáude ou até mesmo os profissionais do sexo, por que não?) sabe que horas de sono ao dia não é o mesmo que dormir à noite. É evidente que a luz solar exerce um nuance controle sobre alguns hormônios, através de modulações sensatas.

Além disso, Sigmund Freud nos proporcionou a maior explicação do fator sexual no valor darwiniano. Ou seja, uma pele bronzeada atiça a libido sexual, além de proporcionar enquanto sobre o efeito bronzeado, a sensação de que a pessoa esteja mais bela. Na próxima encarnação, espero vir à Terra....negro. Atingirei assim, em razão solar e freudiana, o clímax de uma teoria. Hahaha.

Evidente que tudo requer moderação e como já comentei no post anterior, o protetor solar deve ser hábito e o horário de exposição ao Sol precisa ser limitado e a hidratação imprescindível.

Mas é impagável, aos meus olhos, sair num final de tarde para correr no famoso e belo e maior jardim praiano frontal em extensão do mundo com o meu aparelho de surdez futuro (vulgo ipod) e me deparar com as seguintes imagens:


Há ainda na orla de Santos um cinema cult. Tenho um pouco de ojeriza com essa palavra (cult). Pessoas ditas intelectuais são intituladas cults. Por que uma cozinheira, por exemplo,  não pode ser cult? Ou ela é apenas se ler Fiódor Dostoiévski e/ou ouvir Villa Lobos? Por que as pessoas não podem ser cult naquilo que exercem e dominam? Por que uma cozinheira não pode ser cult em sua arte de cozinhar? Eu já li Dostoiévski, mas eu não sei cozinhar um banal arroz.

 Enfim...eis a fotinha do cinema na orla. É pequeno, pode ser não muito confortável. Mas os filmes costumam fugir do tema: Um tira da pesada ou Os monstros contra-atacam, etc. O micro-cinema reformou, tem ar condicionado e o preço do ingresso é uma fábula a ser cantada: custa menos de 5 reais e se você tiver carteirinha de estudante já sabe né.


Ainda sobre cinema..... fui com minha amiga japa Dani assistir "De pernas para o ar" e segundo meu colega funcionário do cinema é o filme mais visto desde sua estréia. Ponto positivo, afinal é nacional. É comédia, é total clichê, não nos apresenta nada de novo. Mas é engraçado. O filme contém muitas piadas eróticas, objetos eróticos, mas o filme é para gargalhar. Dani e eu ficamos indignados, pois duas crianças menores de 3 anos de idade estávam presentes no cinema e acompanhadas dos pais. Eu particularmente fiquei mais furioso. Me lembro de um tempo atrás no RJ um juiz da vara infantil promover uma fiscalização mais rigorosa com o fator limitante de idade no acesso de crianças ao cinema. E o filme em questão não é para crianças. Uma vergonha. Eu sinceramente até pensei em me levantar e denunciar ao gerente do cinema. Até que ponto isso é um problema nosso? Quando intervir? De certa forma ou por covardia minha eis no blog meu protesto.

Sobre Ingrid Guimarães, a estrela do filme e a razão pelo qual fui ao cinema, além claro da companhia da sempre agradável Dani. Ingrid não é o padrão de beleza Bundchen. Mas o que Ingrid transmite não é você se conectar com as pessoas pela beleza, afinal isso não exige muito de você. O que importa é ser agradável, ser simples. Ingrid Guimarães é cult. Cult por ser simples. Cult por ser comum. E o clichê do dia vai para o filme.


É tempo de verão e apesar de ser repetitivo me evoca aqui uma lembrança de infância. É um desenho animado. O famoso Tiny Toon. Junto ao desenho Turma da Pesada, Caverna do Dragão e as histórias do Tio Patinhas, além claro de Jaspion, Tiny Toon é o tipo de desenho que nos dá nostalgia, nos dá o desejo de entrar dentro da tela e fazer parte, mesmo que por instantes, daquele mundo, não é mesmo Felícia?? Hahaha

Alguns desenhos nos rende uma experiência lúdica. A proposta de Tiny Toon é totalmente diferente de Os Simpsons, o qual tem um caráter mais político, crítico e total politicamente incorreto, salvo Lisa. Há quem vê Caverna do Dragão como teoria de conspiração ou até mesmo, e eu já ouvi, um desenho sobre demônios. Tolice infantilóide. São desenhos. Dariam boas discussões. Mas é para assistir e ao molhar os lábios sentir o gosto da infância. E que seu gosto seja doce, como o meu.





Para finalizar uma dica de uma canção: The book of love de Peter Gabriel, quem tiver interesse procure no youtube para conferir. Pode ser melancólica para os mais sensíveis. Mas pode ser perfeita para finalizar o ano novo. Em seguida você coloca sua Cláudia Leite ou seu techno house e vai se divertir.

Como nota de agradecimento dedico paz aos já incontáveis pacientes. O que mais percebo e é evidente: ELES QUEREM ATENÇÃO. NÓS QUEREMOS ATENÇÃO.

Meus fogos de artifício vão para meus pacientes, muitos deles nunca mais verei, mas sempre lembrarei de todos de alguma forma. Uma forma que eu ainda não sei como será. Uma conexão rápida entre desconhecidos. Uma ponte entre "O grito" de Munch e a redenção do dever cumprido. São eles, na verdade,  quem cuidam de mim.  Um beijo na testa de Dona Maria Exposito. E que sua pressão não aumente tanto. Hahahaha

Que Deus, Alá ou mesmo seu boneco de pelúcia (coelhinho da Ingrid) te faça Cada vez MAIS...
O que vem após as reticências é VOCÊ quem determina.


2011